O impacto da formação no desempenho da arbitragem no futebo

Autores

DOI: https://doi.org/10.6018/cpd.412281
Palavras-chave: árbitros de futebol, carreira, formação, educação formal, excelência

Resumo

Os responsáveis pela arbitragem em termos mundiais têm estimulado o desenvolvimento de programas de formação formal que respondam às exigências da atividade de árbitro de futebol. Assim, este estudo pretendeu: i) analisar a perceções de árbitros especialistas sobre a introdução de programas de formação formais ao longo da carreira (Academia de Arbitragem – AA - para árbitros de futebol) em Portugal; ii) verificar o impacto da AA nas classificações dos árbitros entre árbitros que participaram neste modelo de formação e os que não integraram.

Para tal foram realizados 2 estudos complementares. No estudo 1 foram entrevistados cinco especialistas portugueses de arbitragem de futebol, a partir de uma entrevista semiestruturada, com respetiva análise de conteúdo. No estudo 2 recolheram-se as classificações dos árbitros dos quadros nacionais de 2009-18 (N=243), tendo sido agrupadas de acordo com a sua formação: Grupo 1 (n=82) promovidos diretamente; Grupo 2 (n=86) promovidos de categorias após formação na AA; Grupo 3 (n=75) elementos que não foram promovidos.

Os resultados do estudo 1 revelaram: i) uma mudança significativa na estruturação da formação dos árbitros portugueses a partir da época de 2013-14; ii) a existência de lacunas no processo formativo e classificativo; iii) a existência de uma cultura de individualismo e exigência no setor. Os resultados do estudo 2 apenas revelaram diferenças significativas entre o G3 e o G2.

Conclui-se que foram percecionadas melhorias no processo de formação, embora não se verificaram melhorias significativas no desempenho classificativo. A variável experiência foi identificada como fator que influiu positivamente o desempenho classificativo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografias Autor

Bruno Travassos, Universidade Beira Interior

Ema P. Oliveira, Universidade Beira Interior

Referências

Almeida, S., & Palmeirão, C. (2015). Tutorias: Um modelo sociopedagógico flexível para crescer com sentido. In Educação, Territórios e Desenvolvimento Humano: Atas do I Seminário Internacional, Vol. II – Comunicações Livres (pp. 587–598). Porto: Universidade Católica Portuguesa. Faculdade de Educação e Psicologia.

Alvito, M. (2006). «A parte que te cabe neste latifúndio»: O futebol brasileiro e a globalização. Analise Social, XLI(179), 451–474.

Anguera, M. T. (1990). Metodología observacional. In J. A. Gras, M. T. A. Argilaga, & J. G. Benito (Eds.), Metodología de la investigación en ciencias del comportamiento (pp. 125–238). Murcia: Universidad de Murcia.

Arana, J., Lapresa, D., Anguera, M. T., & Garzón, B. (2016). Ad hoc procedure for optimising agreement between observational records. Anales de Psicología, 32(2), 589–595. https://doi.org/10.6018/analesps.32.2.213551

Araújo, L., Cruz, J. F., & Almeida, L. S. (2011). A entrevista no estudo da Excelência: uma proposta. Psychologica, 52(2003), 253–280.

Ato, M., López, J. J., & Benavente, A. (2013). Un sistema de clasificación de los diseños de investigación en psicología. Anales de Psicologia, 29(3), 1038–1059. https://doi.org/10.6018/analesps.29.3.178511

Bardin, L. (2004). Análise de Conteúdo. (3.a Ed.). Lisboa: Edições 70.

Baudrit, A. (2009). A Tutoria. Riqueza de um método pedagógico (Porto Edit). Porto.

Borrueco, M., Alcaraz, S., Ramis, Y., & Cruz, J. (2019). “No es solo pitar”: diseño e implementación de un taller de formación para árbitros y jueces de deporte escolar. Revista de Psicología Aplicada Al Deporte y El Ejercicio Físico, 4(e12), 1–7. https://doi.org/10.5093/rpadef2019a11

Brochado, A. (2012). Perfil do árbitro de futebol: uma contribuição para o observatório de arbitragem. Universidade Técnica de Lisboa.

Brown, A. (2006). 〈Not for sale〉? A destruição e a reforma das comunidades futebolísticas na aquisição do Manchester United pelos Glazer. Analise Social, XLI(179), 555–582.

Catteeuw, P., Helsen, W. F., Gilis, B., & Wagemans, J. (2009). Decision-making skills, role specificity, and deliberate practice in association football refereeing. Journal of Sports Sciences, 27(11), 1125–1136. https://doi.org/10.1080/02640410903079179

Christensen, M. K., & Sørensen, J. K. (2009). Sport or school? Dreams and dilemmas for talented young Danish football players. European Physical Education Review, 27(1), 27–39. https://doi.org/10.1177/1356336X09105214

Cohen, J. (1988). Statistical power analysis for the behavioural sciences. Hillside. In NJ: Lawrence Earlbaum Associates. https://doi.org/10.1111/1467-8721.ep10768783

Collina, P. (2003). As minhas regras do jogo: O que o futebol me ensinou sobre a vida (Editorial). Lisboa.

Constantin, G. (2015). Finding, preparing and training football referees. Sp Soc Int J Ph Ed Sp, 15(1), 44–63.

Correia, V., Carvalho, A., Pedras, D., André, A., Ferreira, P., & Araújo, D. (2014). O papel da prática deliberada na carreira do árbitro de futebol português. In A. Montiel, J. Pina, & V. Pereira (Eds.), A Ciência da Arbitragem em Portugal (Conselho d, p. 218). Charneca da Caparica.

Côté, J., Ericsson, K. A., & Law, M. P. (2005). Tracing the development of athletes using retrospective interview methods: A proposed interview and validation procedure for reported information. Journal of Applied Sport Psychology, 17, 1–19. https://doi.org/10.1080/10413200590907531

De Oliveira, A. B., Penna, E. M., & Pires, D. A. (2017). Síndrome de Burnout em Árbitros de Futebol. Revista de Psicologia Del Deporte, 27(1), 31–36.

Dell, C., Gervis, M., & Rhind, D. J. A. (2016). Factors influencing soccer referee’s intentions to quit the game. Soccer and Society, 17(1), 109–119. https://doi.org/10.1080/14660970.2014.919275

Dubois, D. L., Holloway, B. E., Valentine, J. C., & Cooper, H. (2002). Effectiveness of mentoring programs for youth: A Meta-analytic review. American Journal of Community Psychology, 30(2), 157–197. https://doi.org/10.1023/A:1014628810714

Eby, L. T., Allen, T. D., Evans, S. C., Ng, T., & DuBois, D. L. (2008). Does mentoring matter? A multidisciplinary meta-analysis comparing mentored and non-mentored individuals. Journal of Vocational Behavior, 72, 254–267. https://doi.org/10.1016/j.jvb.2007.04.005

Ericsson, K. A., Krampe, R. A., & Tesch-Römer, C. (1993). The role of deliberate practice in the acquisition of expert performance. Psychological Review, 100(3), 363–406. https://doi.org/10.1037/0033-295X.100.3.363

Frison, L., & Simão, A. (2009). Acção tutorial em contexto de trabalho e autoregulação da aprendizagem. In A. M. Simão, A. P. Caetano, & I. Freire (Eds.), Tutoria e Mediação em Educação. Lisboa: Educa e Autores.

Gallardo, M. A., & Iglesias, A. J. B. (2011). La integración de tecnología educativa en la formación del arbitraje de fútbol de élite: el uso del “ Vídeo Test Interactivo .” Apunts. Educació Física y Esports, 105(1), 12–20. https://doi.org/10.5672/apunts.2014-0983.es.(2011/3).105.01

Gomes, E. (2008). A Formação de Árbitros de Futebol – Estudo comparativo dos modelos de formação vigentes em Portugal e em Inglaterra. Universidade do Porto.

Gómez, J. S., Viera, E. C., Espínola, C. F., Arbinaga, F., & Reyes, S. S. (2019). Acoso laboral en el arbitraje de fútbol. Revista de Psicología Aplicada Al Deporte y El Ejercicio Físico, 4(18), 1–9. https://doi.org/10.5093/rpadef2019e17

González-Oya, J., & Dosil Díaz, J. (2004). Características psicológicas de los árbitros de fútbol de la Comunidad Autónoma Gallega. Cuadernos de Psicología Del Deporte, 4(1 e 2), 53–66.

Graneheim, U. H., & Lundman, B. (2004). Qualitative content analysis in nursing research: Concepts, procedures and measures to achieve trustworthiness. Nurse Education Today, 24, 105–112. https://doi.org/10.1016/j.nedt.2003.10.001

Hamilton, M. A., & Hamilton, S. F. (2005). Work and service-learning. In D. L. Dubois & M. K. Karcher (Eds.), Handbook of youth mentoring (pp. 348–363). Thousand Oaks, CA: Sage.

Hoffmann, M. D., & Loughead, T. M. (2016). Investigating athlete mentoring functions and their association with leadership behaviours and protégé satisfaction. International Journal of Sport and Exercise Psychology, 14(1), 85–102. https://doi.org/10.1080/1612197X.2014.999348

Holt, N. L., & Dunn, J. G. H. (2004). Toward a grounded theory of the psychosocial competencies and environmental conditions associated with soccer success. Journal of Applied Sport Psychology, 16, 199–219. https://doi.org/10.1080/10413200490437949

Jones, M. V., Paull, G. C., & Erskine, J. (2002). The impact of a team’s aggressive reputation on the decisions of association football referees. Journal of Sports Sciences, 20(12), 991–1000. https://doi.org/10.1080/026404102321011751

Kizilet, A. (2011). Using distance physical education in elite class soccer referee training: a case study. TOJET: The Turkish Online Journal of Educational Technology, 10(3), 328–339.

Krippendorff, K. H. (1980). Content Analysis: An Introduction to Its Methodology. Newbury Park: Sage.

Lewin, K., Cartwright, D., & Price, D. (1951). Field theory in social science: Selected theoretical papers. American Sociological Review. https://doi.org/10.1037/0021-9010.69.1.85

Luz, C., & Rosado, A. (2014). Stress, esgotamento e intenção de abandono entre os árbitros de futebol português. In A. Montiel, J. Pina, & V. Pereira (Eds.), A Ciência da Arbitragem em Portugal (Conselho d, p. 218). Charneca da Caparica.

Mack, M., Schulenkorf, N., Adair, D., & Bennie, A. (2018). Factors influencing the development of elite-level sports officials in Australia: the AFL, ABA and FFA*. Sport in Society, 21(9), 1240–1257. https://doi.org/10.1080/17430437.2017.1388781

Mallo, J., Navarro, E., María, J., Aranda, G., & Helsen, W. F. (2007). Activity profile of top-class association football referees in relation to fitness-test performance and m a t c h standard. Journal of Sports Sciences, 25(7), 805–813. https://doi.org/10.1080/02640410600778602

Mathers, J. F., & Brodie, K. (2011). Elite refereeing in professional soccer: A case study of mental skills support. Human Kinetics Journals, 2(3), 171–182.

Mendes, S., Oliveira, E., & Travassos, B. (2020). Desenvolvimento de carreiras e perceção de fatores para a excelência do árbitro de futebol em Portugal. Revista Retos, 2041, 753–760.

Montiel, A., Pina, J., & Pereira, V. (2013). Plano Nacional de Formação de árbitros e observadores: Cursos e seminários curriculares. Lisboa: Academia de Arbitragem, Federação Portuguesa de Futebol.

Oh, I. S., Wang, G., & Mount, M. K. (2011). Validity of observer ratings of the five-factor model of personality traits: A meta-analysis. Journal of Applied Psychology, 96(4), 762–773. https://doi.org/10.1037/a0021832

Pallant, J. (2016). SPSS survival manual (6th ed.). Open University Press.

Pedrosa, I. (Universidad de O., & García-Cueto, E. ( U. de O. (2015). Aspectos psicologicos dos arbitros de elite. Revista de Psicología Del Deporte, 241–248.

Perreau-niel, A., & Erard, C. (2015). French football referees: an exploratory study of the conditions of access and employment for referees in terms of level and gender. Soccer & Society, 16(1), 1–16. https://doi.org/10.1080/14660970.2012.627168

Pla-Cortés, J., Gomà-i-Freixanet, M., & Avilés-Antón, Ó. (2015). Perfil de personalidad de los árbitros de baloncesto españoles en comparación con la población general. Cuadernos de Psicologia Del Deporte, 15(2), 87–94. https://doi.org/10.4321/s1578-84232015000200010

Racek, O., & Pelikán, O. (2015). Role of sports management in preparation for football referees in the Czech Republic. Sport Mont Journal, 43(45), 361–368.

Reis, V. (2005). A Arbitragem do Futebol: A caminho do futuro (Sete Camin). Lisboa.

Rhodes, J. E. (1994). Older and wiser: Mentoring relationships in childhood and adolescence. The Journal of Primary Prevention, 14, 187–196. https://doi.org/10.1007/BF01324592

Richards, L. (2009). Handling qualitative data: A practical guide (2a). London: Sage publications.

Robbins, S. P., & Judge, T. A. (2013). Organizational behavior (15th ed.). Upper Saddle River, NJ: Pearson/Prentice Hall.

Rosário, P., Lourenço, A. A., Paiva, M. O., Núñez, J. C., González-Pienda, J., & Valle, A. (2010). Inventário de processos de auto-regulação da aprendizagem (IPAA). In C. Machado, M. M. Gonçalves, L. S. Almeida, & M. R. (coord) Simões (Eds.), Instrumentos e Contextos da Avaliação Psicológica (pp. 159–174). Coimbra: Almedina.

Saito, R. N., & Blyth, D. A. (1992). Understanding mentoring relationships (Search Ins). Minneapolis, MN.

Samuel, R. D. (2015). A psychological preparation framework for elite soccer referees: A practitioner ’ s perspective. Journal of Sport Psychology in Action, (November). https://doi.org/10.1080/21520704.2015.1065938

Samuel, R. D. (2017). Training prospective soccer referees using a deliberate practice perspective: The Israeli Excellence Program. Journal of Sport Psychology in Action, 8(3), 184–196. https://doi.org/10.1080/21520704.2017.1287798

Samuel, R. D., Galily, Y., & Tenenbaum, G. (2015). Who are you, ref? Defining the soccer referee’s career using a change-based perspective. International Journal of Sport and Exercise Psychology, 15(2), 118–130. https://doi.org/10.1080/1612197X.2015.1079792

Santos, L. (2012). Tutoria centrada na promoção dos processos de auto-regulação em alunos do 3.o Ciclo do Ensino Básico. Universidade do Minho.

Sarmento, H. M., Marques, A., & Pereira, A. (2015). Representações, estímulos e constrangimentos do árbitro de futebol de 11. Managing Sport and Leisure, 11(4), 15–25. https://doi.org/10.6063/motricidade.3496

Schilling, J. (2006). On the pragmatics of qualitative assessment designing the process for content analysis. European Journal of Psychological Assessment, 22(1), 28–37. https://doi.org/10.1027/1015-5759.22.1.28

Silvestre, M. J., Fialho, I., & Saragoça, J. (2014). Da palavra à construção de conhecimento científico: um olhar reflexivo e meta-avaliativo sobre o guião de entrevista. Comunicação & Informação, 17(2), 119–138. https://doi.org/10.5216/31793

Slack, L. A., Maynard, I. W., Butt, J., & Olusoga, P. (2013). Factors Underpinning Football Officiating Excellence: Perceptions of English Premier League Referees. Journal of Applied Sport Psychology, 25(3), 298–315. https://doi.org/10.1080/10413200.2012.726935

Slack, L. A., Maynard, I. W., Butt, J., & Olusoga, P. (2015). An Evaluation of a Mental Toughness Education and Training Program for Early-Career English Football League Referees. The Sport Psychologist, 29(3), 237–257. https://doi.org/10.1123/tsp.2014-0015

Spitz, J., Put, K., Wagemans, J., Williams, A. M., & Helsen, W. F. (2017). Does slow motion impact on the perception of foul play in football ? European Journal of Sport Science, 17(6), 748–756. https://doi.org/10.1080/17461391.2017.1304580

Webb, T. (2017). Elite refereeing structures in England: a perfect model or a challenging invention? Soccer and Society, 18(1), 47–62. https://doi.org/10.1080/14660970.2014.980740

Webb, T., Wagstaff, C. R. D., Rayner, M., & Thelwell, R. (2016). Leading Elite Association Football referees: Challenges in the cross-cultural organization of a geographically dispersed group. Managing Sport and Leisure, 21(3), 105–123. https://doi.org/10.1080/23750472.2016.1209978

Wicker, P., & Frick, B. (2016). Recruitment and retention of referees in nonprofit sport organizations: The trickle-down effect of role. VOLUNTAS: International Journal of Voluntary and Nonprofit Organizations, 27(3), 1304–1322. https://doi.org/10.1007/s11266-016-9705-4

Publicado
01-01-2021
Como Citar
Mendes, S., Travassos, B., & Oliveira, E. P. (2021). O impacto da formação no desempenho da arbitragem no futebo. Cadernos de Psicologia do Desporto, 21(1), 43–59. https://doi.org/10.6018/cpd.412281
Edição
Secção
Psicología del Deporte