O impacto da formação no desempenho da arbitragem no futebo
Resumo
Os responsáveis pela arbitragem em termos mundiais têm estimulado o desenvolvimento de programas de formação formal que respondam às exigências da atividade de árbitro de futebol. Assim, este estudo pretendeu: i) analisar a perceções de árbitros especialistas sobre a introdução de programas de formação formais ao longo da carreira (Academia de Arbitragem – AA - para árbitros de futebol) em Portugal; ii) verificar o impacto da AA nas classificações dos árbitros entre árbitros que participaram neste modelo de formação e os que não integraram.
Para tal foram realizados 2 estudos complementares. No estudo 1 foram entrevistados cinco especialistas portugueses de arbitragem de futebol, a partir de uma entrevista semiestruturada, com respetiva análise de conteúdo. No estudo 2 recolheram-se as classificações dos árbitros dos quadros nacionais de 2009-18 (N=243), tendo sido agrupadas de acordo com a sua formação: Grupo 1 (n=82) promovidos diretamente; Grupo 2 (n=86) promovidos de categorias após formação na AA; Grupo 3 (n=75) elementos que não foram promovidos.
Os resultados do estudo 1 revelaram: i) uma mudança significativa na estruturação da formação dos árbitros portugueses a partir da época de 2013-14; ii) a existência de lacunas no processo formativo e classificativo; iii) a existência de uma cultura de individualismo e exigência no setor. Os resultados do estudo 2 apenas revelaram diferenças significativas entre o G3 e o G2.
Conclui-se que foram percecionadas melhorias no processo de formação, embora não se verificaram melhorias significativas no desempenho classificativo. A variável experiência foi identificada como fator que influiu positivamente o desempenho classificativo.
Downloads
Referências
Almeida, S., & Palmeirão, C. (2015). Tutorias: Um modelo sociopedagógico flexível para crescer com sentido. In Educação, Territórios e Desenvolvimento Humano: Atas do I Seminário Internacional, Vol. II – Comunicações Livres (pp. 587–598). Porto: Universidade Católica Portuguesa. Faculdade de Educação e Psicologia.
Alvito, M. (2006). «A parte que te cabe neste latifúndio»: O futebol brasileiro e a globalização. Analise Social, XLI(179), 451–474.
Anguera, M. T. (1990). Metodología observacional. In J. A. Gras, M. T. A. Argilaga, & J. G. Benito (Eds.), Metodología de la investigación en ciencias del comportamiento (pp. 125–238). Murcia: Universidad de Murcia.
Arana, J., Lapresa, D., Anguera, M. T., & Garzón, B. (2016). Ad hoc procedure for optimising agreement between observational records. Anales de Psicología, 32(2), 589–595. https://doi.org/10.6018/analesps.32.2.213551
Araújo, L., Cruz, J. F., & Almeida, L. S. (2011). A entrevista no estudo da Excelência: uma proposta. Psychologica, 52(2003), 253–280.
Ato, M., López, J. J., & Benavente, A. (2013). Un sistema de clasificación de los diseños de investigación en psicología. Anales de Psicologia, 29(3), 1038–1059. https://doi.org/10.6018/analesps.29.3.178511
Bardin, L. (2004). Análise de Conteúdo. (3.a Ed.). Lisboa: Edições 70.
Baudrit, A. (2009). A Tutoria. Riqueza de um método pedagógico (Porto Edit). Porto.
Borrueco, M., Alcaraz, S., Ramis, Y., & Cruz, J. (2019). “No es solo pitar”: diseño e implementación de un taller de formación para árbitros y jueces de deporte escolar. Revista de Psicología Aplicada Al Deporte y El Ejercicio Físico, 4(e12), 1–7. https://doi.org/10.5093/rpadef2019a11
Brochado, A. (2012). Perfil do árbitro de futebol: uma contribuição para o observatório de arbitragem. Universidade Técnica de Lisboa.
Brown, A. (2006). 〈Not for sale〉? A destruição e a reforma das comunidades futebolísticas na aquisição do Manchester United pelos Glazer. Analise Social, XLI(179), 555–582.
Catteeuw, P., Helsen, W. F., Gilis, B., & Wagemans, J. (2009). Decision-making skills, role specificity, and deliberate practice in association football refereeing. Journal of Sports Sciences, 27(11), 1125–1136. https://doi.org/10.1080/02640410903079179
Christensen, M. K., & Sørensen, J. K. (2009). Sport or school? Dreams and dilemmas for talented young Danish football players. European Physical Education Review, 27(1), 27–39. https://doi.org/10.1177/1356336X09105214
Cohen, J. (1988). Statistical power analysis for the behavioural sciences. Hillside. In NJ: Lawrence Earlbaum Associates. https://doi.org/10.1111/1467-8721.ep10768783
Collina, P. (2003). As minhas regras do jogo: O que o futebol me ensinou sobre a vida (Editorial). Lisboa.
Constantin, G. (2015). Finding, preparing and training football referees. Sp Soc Int J Ph Ed Sp, 15(1), 44–63.
Correia, V., Carvalho, A., Pedras, D., André, A., Ferreira, P., & Araújo, D. (2014). O papel da prática deliberada na carreira do árbitro de futebol português. In A. Montiel, J. Pina, & V. Pereira (Eds.), A Ciência da Arbitragem em Portugal (Conselho d, p. 218). Charneca da Caparica.
Côté, J., Ericsson, K. A., & Law, M. P. (2005). Tracing the development of athletes using retrospective interview methods: A proposed interview and validation procedure for reported information. Journal of Applied Sport Psychology, 17, 1–19. https://doi.org/10.1080/10413200590907531
De Oliveira, A. B., Penna, E. M., & Pires, D. A. (2017). Síndrome de Burnout em Árbitros de Futebol. Revista de Psicologia Del Deporte, 27(1), 31–36.
Dell, C., Gervis, M., & Rhind, D. J. A. (2016). Factors influencing soccer referee’s intentions to quit the game. Soccer and Society, 17(1), 109–119. https://doi.org/10.1080/14660970.2014.919275
Dubois, D. L., Holloway, B. E., Valentine, J. C., & Cooper, H. (2002). Effectiveness of mentoring programs for youth: A Meta-analytic review. American Journal of Community Psychology, 30(2), 157–197. https://doi.org/10.1023/A:1014628810714
Eby, L. T., Allen, T. D., Evans, S. C., Ng, T., & DuBois, D. L. (2008). Does mentoring matter? A multidisciplinary meta-analysis comparing mentored and non-mentored individuals. Journal of Vocational Behavior, 72, 254–267. https://doi.org/10.1016/j.jvb.2007.04.005
Ericsson, K. A., Krampe, R. A., & Tesch-Römer, C. (1993). The role of deliberate practice in the acquisition of expert performance. Psychological Review, 100(3), 363–406. https://doi.org/10.1037/0033-295X.100.3.363
Frison, L., & Simão, A. (2009). Acção tutorial em contexto de trabalho e autoregulação da aprendizagem. In A. M. Simão, A. P. Caetano, & I. Freire (Eds.), Tutoria e Mediação em Educação. Lisboa: Educa e Autores.
Gallardo, M. A., & Iglesias, A. J. B. (2011). La integración de tecnología educativa en la formación del arbitraje de fútbol de élite: el uso del “ Vídeo Test Interactivo .” Apunts. Educació Física y Esports, 105(1), 12–20. https://doi.org/10.5672/apunts.2014-0983.es.(2011/3).105.01
Gomes, E. (2008). A Formação de Árbitros de Futebol – Estudo comparativo dos modelos de formação vigentes em Portugal e em Inglaterra. Universidade do Porto.
Gómez, J. S., Viera, E. C., Espínola, C. F., Arbinaga, F., & Reyes, S. S. (2019). Acoso laboral en el arbitraje de fútbol. Revista de Psicología Aplicada Al Deporte y El Ejercicio Físico, 4(18), 1–9. https://doi.org/10.5093/rpadef2019e17
González-Oya, J., & Dosil Díaz, J. (2004). Características psicológicas de los árbitros de fútbol de la Comunidad Autónoma Gallega. Cuadernos de Psicología Del Deporte, 4(1 e 2), 53–66.
Graneheim, U. H., & Lundman, B. (2004). Qualitative content analysis in nursing research: Concepts, procedures and measures to achieve trustworthiness. Nurse Education Today, 24, 105–112. https://doi.org/10.1016/j.nedt.2003.10.001
Hamilton, M. A., & Hamilton, S. F. (2005). Work and service-learning. In D. L. Dubois & M. K. Karcher (Eds.), Handbook of youth mentoring (pp. 348–363). Thousand Oaks, CA: Sage.
Hoffmann, M. D., & Loughead, T. M. (2016). Investigating athlete mentoring functions and their association with leadership behaviours and protégé satisfaction. International Journal of Sport and Exercise Psychology, 14(1), 85–102. https://doi.org/10.1080/1612197X.2014.999348
Holt, N. L., & Dunn, J. G. H. (2004). Toward a grounded theory of the psychosocial competencies and environmental conditions associated with soccer success. Journal of Applied Sport Psychology, 16, 199–219. https://doi.org/10.1080/10413200490437949
Jones, M. V., Paull, G. C., & Erskine, J. (2002). The impact of a team’s aggressive reputation on the decisions of association football referees. Journal of Sports Sciences, 20(12), 991–1000. https://doi.org/10.1080/026404102321011751
Kizilet, A. (2011). Using distance physical education in elite class soccer referee training: a case study. TOJET: The Turkish Online Journal of Educational Technology, 10(3), 328–339.
Krippendorff, K. H. (1980). Content Analysis: An Introduction to Its Methodology. Newbury Park: Sage.
Lewin, K., Cartwright, D., & Price, D. (1951). Field theory in social science: Selected theoretical papers. American Sociological Review. https://doi.org/10.1037/0021-9010.69.1.85
Luz, C., & Rosado, A. (2014). Stress, esgotamento e intenção de abandono entre os árbitros de futebol português. In A. Montiel, J. Pina, & V. Pereira (Eds.), A Ciência da Arbitragem em Portugal (Conselho d, p. 218). Charneca da Caparica.
Mack, M., Schulenkorf, N., Adair, D., & Bennie, A. (2018). Factors influencing the development of elite-level sports officials in Australia: the AFL, ABA and FFA*. Sport in Society, 21(9), 1240–1257. https://doi.org/10.1080/17430437.2017.1388781
Mallo, J., Navarro, E., María, J., Aranda, G., & Helsen, W. F. (2007). Activity profile of top-class association football referees in relation to fitness-test performance and m a t c h standard. Journal of Sports Sciences, 25(7), 805–813. https://doi.org/10.1080/02640410600778602
Mathers, J. F., & Brodie, K. (2011). Elite refereeing in professional soccer: A case study of mental skills support. Human Kinetics Journals, 2(3), 171–182.
Mendes, S., Oliveira, E., & Travassos, B. (2020). Desenvolvimento de carreiras e perceção de fatores para a excelência do árbitro de futebol em Portugal. Revista Retos, 2041, 753–760.
Montiel, A., Pina, J., & Pereira, V. (2013). Plano Nacional de Formação de árbitros e observadores: Cursos e seminários curriculares. Lisboa: Academia de Arbitragem, Federação Portuguesa de Futebol.
Oh, I. S., Wang, G., & Mount, M. K. (2011). Validity of observer ratings of the five-factor model of personality traits: A meta-analysis. Journal of Applied Psychology, 96(4), 762–773. https://doi.org/10.1037/a0021832
Pallant, J. (2016). SPSS survival manual (6th ed.). Open University Press.
Pedrosa, I. (Universidad de O., & García-Cueto, E. ( U. de O. (2015). Aspectos psicologicos dos arbitros de elite. Revista de Psicología Del Deporte, 241–248.
Perreau-niel, A., & Erard, C. (2015). French football referees: an exploratory study of the conditions of access and employment for referees in terms of level and gender. Soccer & Society, 16(1), 1–16. https://doi.org/10.1080/14660970.2012.627168
Pla-Cortés, J., Gomà-i-Freixanet, M., & Avilés-Antón, Ó. (2015). Perfil de personalidad de los árbitros de baloncesto españoles en comparación con la población general. Cuadernos de Psicologia Del Deporte, 15(2), 87–94. https://doi.org/10.4321/s1578-84232015000200010
Racek, O., & Pelikán, O. (2015). Role of sports management in preparation for football referees in the Czech Republic. Sport Mont Journal, 43(45), 361–368.
Reis, V. (2005). A Arbitragem do Futebol: A caminho do futuro (Sete Camin). Lisboa.
Rhodes, J. E. (1994). Older and wiser: Mentoring relationships in childhood and adolescence. The Journal of Primary Prevention, 14, 187–196. https://doi.org/10.1007/BF01324592
Richards, L. (2009). Handling qualitative data: A practical guide (2a). London: Sage publications.
Robbins, S. P., & Judge, T. A. (2013). Organizational behavior (15th ed.). Upper Saddle River, NJ: Pearson/Prentice Hall.
Rosário, P., Lourenço, A. A., Paiva, M. O., Núñez, J. C., González-Pienda, J., & Valle, A. (2010). Inventário de processos de auto-regulação da aprendizagem (IPAA). In C. Machado, M. M. Gonçalves, L. S. Almeida, & M. R. (coord) Simões (Eds.), Instrumentos e Contextos da Avaliação Psicológica (pp. 159–174). Coimbra: Almedina.
Saito, R. N., & Blyth, D. A. (1992). Understanding mentoring relationships (Search Ins). Minneapolis, MN.
Samuel, R. D. (2015). A psychological preparation framework for elite soccer referees: A practitioner ’ s perspective. Journal of Sport Psychology in Action, (November). https://doi.org/10.1080/21520704.2015.1065938
Samuel, R. D. (2017). Training prospective soccer referees using a deliberate practice perspective: The Israeli Excellence Program. Journal of Sport Psychology in Action, 8(3), 184–196. https://doi.org/10.1080/21520704.2017.1287798
Samuel, R. D., Galily, Y., & Tenenbaum, G. (2015). Who are you, ref? Defining the soccer referee’s career using a change-based perspective. International Journal of Sport and Exercise Psychology, 15(2), 118–130. https://doi.org/10.1080/1612197X.2015.1079792
Santos, L. (2012). Tutoria centrada na promoção dos processos de auto-regulação em alunos do 3.o Ciclo do Ensino Básico. Universidade do Minho.
Sarmento, H. M., Marques, A., & Pereira, A. (2015). Representações, estímulos e constrangimentos do árbitro de futebol de 11. Managing Sport and Leisure, 11(4), 15–25. https://doi.org/10.6063/motricidade.3496
Schilling, J. (2006). On the pragmatics of qualitative assessment designing the process for content analysis. European Journal of Psychological Assessment, 22(1), 28–37. https://doi.org/10.1027/1015-5759.22.1.28
Silvestre, M. J., Fialho, I., & Saragoça, J. (2014). Da palavra à construção de conhecimento científico: um olhar reflexivo e meta-avaliativo sobre o guião de entrevista. Comunicação & Informação, 17(2), 119–138. https://doi.org/10.5216/31793
Slack, L. A., Maynard, I. W., Butt, J., & Olusoga, P. (2013). Factors Underpinning Football Officiating Excellence: Perceptions of English Premier League Referees. Journal of Applied Sport Psychology, 25(3), 298–315. https://doi.org/10.1080/10413200.2012.726935
Slack, L. A., Maynard, I. W., Butt, J., & Olusoga, P. (2015). An Evaluation of a Mental Toughness Education and Training Program for Early-Career English Football League Referees. The Sport Psychologist, 29(3), 237–257. https://doi.org/10.1123/tsp.2014-0015
Spitz, J., Put, K., Wagemans, J., Williams, A. M., & Helsen, W. F. (2017). Does slow motion impact on the perception of foul play in football ? European Journal of Sport Science, 17(6), 748–756. https://doi.org/10.1080/17461391.2017.1304580
Webb, T. (2017). Elite refereeing structures in England: a perfect model or a challenging invention? Soccer and Society, 18(1), 47–62. https://doi.org/10.1080/14660970.2014.980740
Webb, T., Wagstaff, C. R. D., Rayner, M., & Thelwell, R. (2016). Leading Elite Association Football referees: Challenges in the cross-cultural organization of a geographically dispersed group. Managing Sport and Leisure, 21(3), 105–123. https://doi.org/10.1080/23750472.2016.1209978
Wicker, P., & Frick, B. (2016). Recruitment and retention of referees in nonprofit sport organizations: The trickle-down effect of role. VOLUNTAS: International Journal of Voluntary and Nonprofit Organizations, 27(3), 1304–1322. https://doi.org/10.1007/s11266-016-9705-4
Las obras que se publican en esta revista están sujetas a los siguientes términos:
1. El Servicio de Publicaciones de la Universidad de Murcia (la editorial) conserva los derechos patrimoniales (copyright) de las obras publicadas, y favorece y permite la reutilización de las mismas bajo la licencia de uso indicada en el punto 2.
2. Las obras se publican en la edición electrónica de la revista bajo una licencia Creative Commons Reconocimiento-NoComercial-SinObraDerivada 3.0 España (texto legal). Se pueden copiar, usar, difundir, transmitir y exponer públicamente, siempre que: i) se cite la autoría y la fuente original de su publicación (revista, editorial y URL de la obra); ii) no se usen para fines comerciales; iii) se mencione la existencia y especificaciones de esta licencia de uso.
3. Condiciones de auto-archivo. Se permite y se anima a los autores a difundir electrónicamente las versiones pre-print (versión antes de ser evaluada) y/o post-print (versión evaluada y aceptada para su publicación) de sus obras antes de su publicación, ya que favorece su circulación y difusión más temprana y con ello un posible aumento en su citación y alcance entre la comunidad académica. Color RoMEO: verde.