Filhas esquecidas do Império Português:

memória de mulheres na América.

Autores

  • Maria de Deus Manso Universidade de Évora
Palavras-chave: Bahia, Kopke, sociedade, mulheres, homens livres, escravos, mestiçagens.

Resumo

O presente estudo procura abordar trajetos de vidas tomando como exemplos sujeitos livres, escravas e forras, no século XIX, na Bahia. Propomos como fio condutor, estudos de caso, para discutirmos cenários de relações de poder, sociais, económicas e culturais, num espaço de grande circularidade cultural e de mestiçagem. O século XIX foi um século de sucessivas transformações, cujas balizas, se situam entre o final do Brasil colónia, a Independência do Brasil (1822) e a implantação formal do Império (Constituição de 1824), e a abolição da escravatura no Brasil (1888) e termina com a constituição da República (1889). Embora o enfoque das fontes usadas se centre no século XIX, procederemos a uma abordagem mais recuada no tempo para percebemos como, ao longo de séculos, se foram construindo relações entre os diferentes grupos sociais, independentemente da cor e da condição social. Focaremos essencialmente a determinação de ex-escravas na luta por direitos que durante séculos lhes foram negados e como estas se integraram na sociedade quer através das relações amorosas, quer através das relações de familiaridades que se construíram durante a sua condição escravas.

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Publicado
30-10-2015
Como Citar
Manso, M. de D. (2015). Filhas esquecidas do Império Português:: memória de mulheres na América. Naveg@mérica, (15). Obtido de https://revistas.um.es/navegamerica/article/view/241461
Edição
Secção
Artículos