Análise dos casos de violência sexual de adolescentes escolares
Resumo
Objetivo: Analisar casos de violência sexual entre adolescentes escolares.
Metodologia: Pesquisa originada de um macroprojeto, de delineamento transversal, descritivo e quantitativo, realizado em escolas públicas do município de Picos, Piauí, Brasil, com adolescentes escolares de 13 a 17 anos. A coleta de dados ocorreu em 2018, por meio de um questionário autopreenchido pelos participantes. Da amostra de 1.051 adolescentes, avaliou-se 38 questionários que apontaram a vitimização por violência sexual alguma vez na vida.
Resultados: Na análise desses casos de violência sexual, percebeu-se que são principalmente perpetrados por ex-namorado (13,2%) ou amigo (10,5%), sendo que mais de um terço dos episódios ocorreram na infância (49,9%), alguns ainda perduram até os dias atuais (5,3%). Quanto ao perfil sociodemográfico, houve prevalência do sexo feminino (81,6%), pardas (42,1%), com idade de 10 a 12 anos no momento do episódio, residentes com pai e mãe (44,7%), católicas (60,5%) e com fragilidade econômica (23,7%). Em relação aos aspectos sexuais e reprodutivos, destaca-se a heterossexualidade (86,8%), inexistência de namorado fixo (65,8%), teve relação sexual consentida (55,3%), e usou o preservativo na ocasião (36,8%). Ainda em relação a violência sofrida, os adolescentes relataram o despertar de sentimentos negativos, tal como: tristeza e medo (50%), vergonha (44,7%) e raiva (42,1%) após o(s) episódio(s).
Conclusão: A temática é rodeada de tabus culturais e preconceitos sociais, portanto, espera-se que esse estudo contribua para a denúncia dos casos, difusão de conhecimentos e quebra desses preceitos socioculturais na sociedade civil e comunidade científica.
Downloads
Referências
(1) Brasil. Lei n° 8.069, de 13 de julho de 1990. Estatuto da Criança e do adolescente. Diário oficial da União. Julho de 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm
(2) Hohendorff JV, Patias, ND. Violência sexual contra crianças e adolescentes: identificação, consequências e indicações de manejo. Barbarói [Internet]. 2017; 49: 239-257. Disponível em: https://online.unisc.br/seer/index.php/barbaroi/article/view/9474
(3) Santos MJ, Mascarenhas MDM, Malta DC, Lima CM, Silva MMA. Prevalência de violência sexual e fatores associados entre estudantes do ensino fundamental –Brasil, 2015. Ciênc. saúde coletiva [Internet]. 2019; 24(2): 535-544. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1413-81232018242.13112017
(4) Silva LMP, Sousa TDA, Cardoso MD, Souza LFS, Santos TMB. Violência perpetrada contra crianças e adolescentes. Rev. enferm. UFPE on line [Internet]. 2018; 12(6): 1696-1704. Disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/view/23153/29215
(5) DATASUS. Ministério da Saúde. Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde. Epidemiológicas e morbidades. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2019.
(6) Delziovo CR, Bolsono CC, Nazário NO, Coelho EBS. Características dos casos de violência sexual contra mulheres adolescentes e adultas notificados pelos serviços públicos de saúde em Santa Catarina, Brasil. Cad saúde pública [Internet]. 2017; 33(6): e00002716. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0102-311x00002716
(7) Batista VC, Back IR, Monteschio LVC, Arruda DC, Rickli HC, Grespan LR, et al. Perfil das notificações sobre violência sexual. Rev. enferm. UFPE on line [Internet]. 2018; 12(5): 1372-1380. Disponível em: https://doi.org/10.5205/1981-8963-v12i5a234546p1372-1380-2018
(8) Brasil. Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE, Coordenação de População e Indicadores Sociais. Pesquisa nacional de saúde do escolar: 2015 / IBGE. Ministério da Saúde, Rio de Janeiro, 2016. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/pt/br_cadernoBR_SOWCR11(3).pdf
(9) Miot HA. Tamanho da amostra em estudos clínicos e experimentais. J Vasc Bras [Internet]. 2011; 10(6): 275-278. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S1677-54492011000400001
(10) Oliveira NF, Moraes CL, Junger WL, Reichenheim ME. Violência contra crianças e adolescentes em Manaus, Amazonas: estudo descritivo dos casos e análise da completude das fichas de notificação, 2009-2016. Epidemiol. Serv. Saúde [Internet]. 2020; 29(1): e2018438. Disponível em: http://dx.doi.org/10.5123/s1679-49742020000100012
(11) Souza VP, Gusmão TLA, Neto WB, Guedes TG, Monteiro EMLM. Fatores de risco associados à exposição de adolescentes à violência sexual. Av Enferm [Internet]. 2019; 37(3): 364-374. Disponível em: http://www.scielo.org.co/pdf/aven/v37n3/0121-4500-aven-37-03-364.pdf
(12) Souza, VP, Gusmão TLA, Frazão LRSB, Guedes TG, Monteiro EMLM. Protagonismo de adolescentes no planejamento de ações para a prevenção da violência sexual. Texto contexto - enferm [Internet]. 2020; 29: e20180481. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1980-265x-tce-2018-0481
(13) Abreu PD, Santos ZC, Lúcio FPS, Cunha TN, Araújo EC, Santos CB, et al. Análise especial do estupro em adolescentes: Características e impactos. Cogitare Enferm [Internet]. 2019; 24. Disponível em: http://dx.doi.org/10.5380/ce.v24i0.59743
(14) Loder RT, Robinson TP. The demographics of patients presenting for sexual assault to US emergency departments. J Forensic Leg Med [Internet]. 2020; 69:101887. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1016/j.jflm.2019.101887
(15) Yapp E, Pickett KE. Greater income inequality is associated with higher rates of intimate partner violence in Latin America. Public Health [Internet]. 2019; 175: 87-89. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1016/j.puhe.2019.07.004
(16) Li X, Zheng H, Tucker W, Xu W, Wen X, Lin Y, et al. Research on Relationships between sexual identity adverse childhood experiences and non-suicidal self-injury among rural high School students in Less developed áreas of China. Int J Environ Res Public Health [Internet]. 2019; 16(17): 3158. Disponível em: http://dx.doi.org/10.3390/ijerph16173158
(17) Caswell RJ, Ross JD, Lorimer K. Measuring experience and outcomes in patients reporting sexual violence who attend a healthcare setting: a systematic review. Sex Transm Infect [Internet]. 2019; 95(6):419-427. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1136/sextrans-2018-053920
(18) Almeida RAAS, Corrêa RGCF, Rolim ILTP, Hora JM, Linard AG, Coutinho NPS, et al. Conhecimento de adolescentes relacionados às doenças sexualmente transmissíveis e gravidez. Rev. Bras. Enferm. [Internet]. 2017; 70(5): 1033-1039. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0531
(19) Brasil M, Cardoso F, Silva L. Conhecimento de escolares sobre infecções sexualmente transmissíveis e métodos contraceptivos. Rev Enferm UFPE [Internet]. 2019; 13(0): e242261. Disponível em: https://doi.org/10.5205/1981-8963.2019.242261
(20) Carvalhaes RDS. Entre laços e nós: Narrativas de violência nas relações afetivo-sexuais de adolescentes de uma escola na região Costa Verde (RJ) [Dissertação]. Rio de Janeiro (RJ): Universidade do Estado do Rio de Janeiro; 2019. 141 f. Disponível em: http://www.bdtd.uerj.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=16216
(21) Schuster I, Krahé B. Prevalence of Sexual Aggression Victimization and Perpetration in Chile: A Systematic Review. Trauma Violence Abuse [Internet]. 2019; 20(2): 229-244. Disponível em: https://doi.org/10.1177/1524838017697307
(22) Tordön R, Svedin CG, Fredlund C, Jonsson L, Priebe G, Sydsjö G. Backgroud, experience of abuse, and mental health among adolescents in out-of-home care: a cross-sectional study of a Swedish high school national sample. Nordic J Psychiatry [Internet]. 2019; 73(1): 16-23. Disponível em: https://doi.org/10.1080/08039488.2018.1527397
(23) Perdomo-Sandoval LA, Cardona-Gómez GDP, Urquijo-Velásquez LE. Situación de la violencia sexual en colombia, 2012-2016. Rev. Colomb. Enferm [Internet]. 2019; 18(1): 1-11. Disponível em: https://doi.org/10.18270/rce.v18i1.2340
(24) Stark L, Seff I, Weber AM, Cislaghi B, Meinhart M, Bermudez LG, et al. Perpetration of intimate partner violence and mental health outcomes: sex- and gender-disaggregated associations among adolescentes and young adults in Nigeria. J Glob Hhealth [Internet]. 2020; 10(1): e010708. Disponível em: https://doi.org/10.7189/jogh.10.010708
(25) Acharyal K, Paudel YR, Silwal P. Sexual violence as a predictor of unintended pregnancy among married young women: evidence from the 2016 Nepal demographic and health survey. BMC pregnancy childbirth [Internet] 2019; 19(1): 196. Disponível em: https://doi.org/10.1186/s12884-019-2342-3
(26) Dillard R, MaguirreJack K, Showalter K, Wolf KG Letson MM. Abuse disclosures of youth with problem sexualized behaviors and trauma symptomology. Child Abuse Negl [Internet]. 2019; 88: 201-211. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.chiabu.2018.11.019
(27) Lira MOSC, Diniz NMF, Couto TM, Vieira MCA, Justino TMV, Barbosa KMG. Limites e intolerâncias de mulheres sobreviventes do abuso sexual infantil. Rev. Enferm. UFPE [Internet]. 2019; 13: e239787. Disponível em: https://doi.org/10.5205/1981-8963.2019.239787
(28) Lamis DA, Kapoor S, Evans APB. Childhood Sexual Abuse and Suicidal Ideation Among Bipolar Patients: Existential But Not Religious Well-Being as a Protective Factor. Suicide Life Threat Behav [Internet]. 2019; 49(2): 401-412. Disponível em: https://doi.org/10.1111/sltb.12438
(29) Charak R, Tromp NB, Koot HM. Associations of specific and multiple types of childhood abuse and neglect with personality pathology among adolescents referred for mental health services. Psychiatry research [Internet] 2018; 270: 906-914. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.psychres.2018.11.016
(30) Reid SD, Reddock R, Nickenig T. Action research improves services for child sexual abuse in one Caribbean nation: An example of good practice. Child abuse & Neglect [Internet]. 2019; 88: 225-234. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.chiabu.2018.11.018 lll
As obras que são publicadas nesta revista estão sujeitas aos seguintes termos:
1. O Serviço de Publicações da Universidad de Murcia (a editorial) conserva os direitos patrimoniais (copyright) das obras publicadas, e favorece e permite a reutilização das mesmas sob a licença de utilização indicada no ponto 2.
© Serviço de publicações, Universidad de Murcia, 2011
2. As obras são publicadas na edição eletrónica da revista sob uma licença Creative Commons Reconocimiento-NoComercial-SinObraDerivada 3.0 Espanha (texto legal). Podem-se copiar, usar, difundir, transmitir e expor publicamente, sempre que: i) seja citado a autoria e a fonte original da sua publicação (revista, editorial e URL da obra); ii) não se usem para fins comerciais; iii) se mencione a existência e especificações desta licença de utilização.
3. Condições de auto-arquivo. É permitido e aconselha-se aos autores, difundir eletronicamente as versões pré-print (versão antes de ser avaliada) e/ou post-print (versão avaliada e aceite para a sua publicação) das suas obras antes da sua publicação, uma vez que, favorece a sua circulação e difusão mais cedo e com isso um possível aumento na sua citação e alcance entre a comunidade académica. Cor RoMEO: verde.