Expressão da incerteza em pacientes cirúrgicos de retirada de órgão: estudo transversal
Resumo
Introdução: O tratamento cirúrgico de retirada de órgãos surge para atender a uma diversidade de patologias que emergem como necessidade de saúde apresentadas pelas populações, sendo considerado um procedimento que provoca no paciente sentimentos de incerteza.
Objetivo: Investigar a incerteza na doença, em pacientes cirúrgicos submetidos à retirada de órgão.
Método: Estudo transversal desenvolvido com pacientes internados na clínica cirúrgica de um hospital universitário. Coletaram-se as variáveis sociodemográficas e clínicas e aplicou-se a escala da incerteza na doença de Mishel (MUIS).
Resultados: O perfil de diagnósticos médicos nos 60 participantes revelou que as doenças mais frequentes foram as neoplasias. Quanto a aplicação da escala, 68% dos participantes apresentaram escores maiores ou iguais a 80 pontos. O valor encontrado para o Alpha de Cronbach foi de 0,842. Os procedimentos cirúrgicos, histerectomia via abdominal e mastectomia, os quais foram os mais prevalentes para os participantes, se associam aos domínios da incerteza.
Conclusões: Elevados níveis de incerteza evidenciaram a necessidade do manejo dessa condição. Os aspectos psicossociais dos tratamentos cirúrgicos acabam secundarizados em detrimento do reestabelecimento clínico, circunstância em que se negligencia o sofrimento emocional do paciente. A melhora da comunicação entre o profissional da saúde e o paciente pode influenciar para que não ocorra a manifestação da falta de informação, uma das formas de expressão da incerteza. Aspectos como perfil socioeconômico do paciente, escolaridade e renda devem ser levados em consideração no tratamento cirúrgico de retirada de órgãos. A incerteza vivenciada por esses pacientes precisa ser mais conhecida e amplamente disseminada para ganhar destaque no ambiente de saúde.
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