Entre o pulsar e o morrer: a vivência de pacientes que esperam o transplante cardíaco

Autores

  • Cynthia de Freitas Melo Universidade de Fortaleza https://orcid.org/0000-0003-3162-7300
  • Nathalia Gabriella da Justa Mota Universidade Fortaleza
  • Annaline Luzia da Silva Universidade de Fortaleza (UNIFOR)
  • João Lins de Araújo Neto Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC)
DOI: https://doi.org/10.6018/eglobal.379421
Palavras-chave: Transplante de Coração, Obtenção de Tecidos e Órgãos, Pacientes, Família, Capacitação Profissional

Resumo

Introdução: O transplante é a abordagem padrão-ouro no tratamento da insuficiência cardíaca, resultando em maior sobrevida e qualidade de vida. Entretanto, a alta demanda e escassez de doadores geram longas filas, nas quais pacientes vivenciam sentimentos ambíguos de esperança e frustação, em meio a díade vida e morte.
Objetivo: Compreender a vivência na fila de espera do transplante cardíaco a partir da perspectiva do paciente e sua família.
Método: Pesquisa descritiva e exploratória, de abordagem qualitativa, realizada com 12 participantes: seis pacientes que estão em fila de espera para transplante cardíaco e seis familiares. Eles responderam um roteiro de entrevista semiestruturado, que foi avaliado por meio de análise textual no software Iramuteq (Interface de R pour les Analyses Multimensionnelles de Textes et de Questionnaires).
Resultados: Evidenciou-se que a descoberta do diagnóstico e da necessidade de transplante é permeada por sentimentos de tristeza e medo, que demandam reorganização da estrutura familiar e uso de diferentes estratégias de enfrentamento. Entre as dificuldades vivenciadas na espera por um órgão contemplam-se o surgimento de intercorrências clínicas, que podem lhe tirar a vida ou impossibilitar a cirurgia, e a constante recusa da família de possíveis doadores.
Conclusão: A fila de espera para transplante cardíaco configura-se como um momento de “corrida contra o tempo pela vida”, permeada por ansiedade, esperança e frustração, na qual o apoio familiar é fundamental. Faz-se fundamental também o investimento em campanhas de doação de órgãos e capacitação de profissionais para fazer uma abordagem correta aos familiares de possíveis doadores, acolhendo o seu luto e esclarecendo suas dúvidas.

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Biografia Autor

Cynthia de Freitas Melo, Universidade de Fortaleza

Psicologa. Especialista em Saúde Coletiva. Especialista em Psicologia Cognitivo Comportamental. Mestre em Psicologia Social. Doutora em Psicologia. Professora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UNIFOR.

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Publicado
14-03-2020
Como Citar
[1]
Melo, C. de F. et al. 2020. Entre o pulsar e o morrer: a vivência de pacientes que esperam o transplante cardíaco. Enfermería Global. 19, 2 (Mar. 2020), 351–389. DOI:https://doi.org/10.6018/eglobal.379421.
Edição
Secção
ESTUDOS ORIGINAIS